segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Paul McCartney - o show


É possível alguém se tornar mais fã de música - ou de um músico, uma banda? "Claro que é", o caro leitor pode pensar. Sim, eu também o sei que é possível, só não tinha experimentado a sensação até assistir ao show de um beatle, mais precisamente de Paul McCartney, ontem à noite, aqui em Porto Alegre. Minha descrição poderia conter só adjetivos para (tentar) igualar a empatia passada por Sir Macka aos "gaútchos": fantástico, emocionante, emotivo, perfeito, extasiante, completo... Me faltam palavras, me faltam adjetivos. Minha ficha só foi começar a cair na segunda música, quando All my loving iniciou seus acordes junto com a multidão que lotava um estádio como nunca antes na história deste Estado. Sensacional.

Na sequência de músicas que seguiram, a mesclagem primordial de etapas foi perfeita, o vai-e-vem entre a carreira solo, envolvendo Wings, claro, e as canções dos fab four - com espaço para homenagens aos amigos John e George. Something encantou pelo modo que foi apresentada, num solo de McCartney num cavaquinho e depois um crescendo até a banda inteira participar, tudo com imagens de George no telão ao fundo. Para Lennon, a homenagem foi na música Here today, composição saudosa do amigo tocada com Paul e violão, só, num dos momentos mais emotivos da noite. Ao final de Day in the life, Paul emenda uma composição clássica de Lennon, Give peace a chance, garantindo o coro - e reforçando o carisma do música com a plateia, perplexa.

Ah, lembrei de outro adjetivo, mas esse é melhor usar só pro músico: genial. Entre a empatia automática com o público e o preciosismo no cantar e tocar as músicas, ele impressiona. O profissionalismo também se mostrou na chegada à cidade, simpático, pontual na passagem de som, no início de encerramento de show. Bom, essa última parte deve-se, talvez, ao estilo britânico de ser. A banda impecável, como o próprio lembra, ao final do show. Destaque para a figuraça do baterista, que roubava a cena quando filmado no telão. Os guitarristas competentes e precisos, inclusive o que alternava a guitarra/baixo com Paul. O beatle é baixista, mas também é pianista e guitarrista no show, dando uma palhinha de Foxy lady, de outro grande canhoto, Jimi Hendrix, ao final de Let me roll it. Perfeito!

Indescritível é outro adjetivo que posso usar! Ver um show praticamente duplo não há narrativas suficientes. Duplo, pois além de Beatles cantadas por um membro original, dando ao espetáculo um bonito sentimento nostálgico até para quem não viveu a época, o show da carreira solo do beatle abrilhantava o repertório com clássicas como Jet, Band on the run, Dance tonight, Live and let die... essa última com uma pirotecnia fantástica. Taí, mais um adjetivo! Dos Beatles, além das já citadas, Paperback writer, Let it be, Blackbird (solo, mais um momento bonito), Ob-la-di, Ob-la-da (primeira vez no Brasil, segundo o próprio), Helter Skelter, e Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band emendada com The end, pra citar somente (!) algumas. Mágico, mais um!!

Como iniciei, repito: sou fã dos Beatles desde que me conheço por gente - e isso já faz um bom tempo. São minha referência musical para quase tudo, e achei que já admirava-os o suficiente por toda sua história. Depois de ontem, vi que ainda há espaço para mais histórias, mais admiração, mais ficar de queixo caído com o que eles representam - e a figura carismática e boa praça de McCartney continua aí para comprovar isso tudo. Talvez esteja ainda sob o calor do espetáculo, da possibilidade de ter assistido um beatle ali, aqui, em todo lugar por três horas. Bah, assisti mesmo... e a ficha, parece, ainda não terminou de cair. Enebriado.

Luciano Seade


Paul McCartney
Porto Alegre, 7 de novembro de 2010

1. Venus and Mars / Rockshow
2. Jet
3. All My Loving
4. Letting Go
5. Drive My Car
6. Highway
7. Let Me Roll It
8. The Long And Winding Road
9. Nineteen Hundred and Eighty Five
10. Let ‘Em In
11. My Love
12. I’ve Just Seen A Face
13. And I Love Her
14. Blackbird
15. Here Today
16. Dance Tonight
17. Mrs Vandebilt
18. Eleanor Rigby
19. Something
20. Sing The Changes
21. Band on the Run
22. Ob-La-Di, Ob-La-Da
23. Back In The USSR
24. I’ve Got A Feeling
25. Paperback Writer
26. A Day In The Life / Give Peace A Chance
27. Let It Be
28. Live And Let Die
29. Hey Jude

Encore
30. Day Tripper
31. Lady Madonna
32. Get Back

Second Encore
33. Yesterday
34. Helter Skelter
35. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band / The End

4 comentários:

  1. Perfeita narração.
    Eu, uma incrédula, não acreditei que pudesse conseguir o ingresso no dia e, por isso, nem tentei. Mas São Paulo me aguarda e não vejo a hora de poder sentir isso também.
    Não sei se aguento, não sei se sou tão forte, mas sei que não posso perder esse momento. Pois ele é único e nunca haverá outro igual.
    Para mim, a única experiência comparável seria ver o próprio Elvis no palco, mas como isso não é possível, um Beatle eu não vou perder.
    Bjs

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  2. Vane!!
    Aguarde com ansiedade seu show em Sampa - valerá cada unha roída, cada palpitação horas antes do primeiro acorde, hshs... o garoto de Liverpool is alive!

    E valeu pelo teu adjetivo pro texto! :D
    Bjs!

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  3. dindo , tu tem sorte de ter ido à esse show pq tava be lotado pelo q uns amigos meus q foram disseram...
    enfim , eu gostaria de te pedir uma musica, espero q não se importe: last kiss do pearl jam!!!
    abração

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  4. Querida do Dindo!
    Realmente, sorte grande: estava show de bola!!! Te conto melhor ao vivo! E capaz que vou me importar: tu pede, eu faço, lindona! Pode deixar que vai rolar, tá?
    Beijão!

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